terça-feira, 30 de julho de 2019

Palavra II

É uma pena que enquanto as manhãs florescem
Tu ainda estejas ligado à letra,
No dogmatismo de quem pensa que bastam
Palavras escritas e
Alguma fé para
Salvar-se.
O que seria então daquele que,
Abandonado dos dizeres,
Imerso na solidão da noite
Com olhos abertos e coração
Sereno, contempla o céu e as estrelas
Certo de que está sendo ouvido?
Ou então aquela que, famélica,
Ao amamentar seu filho
Com as poucas reservas e palavras que tem
porque simples,
Dá graças ao vê-lo saciado, pois
sabe que,
Junto com seu leite,
Deu também amor que,
como a palavra,
nutre e vivifica a Alma?

Para que servem, então, as palavras?
Certamente não para contender pela fé,
Não para dissentir,
Mas para trazer para perto de si o que é nobre,
Ou para fazer brilhar a Luz como o próprio Criador.


Não fiques, portanto, a decifrar por tanto tempo
Códigos humanos.
A Palavra Divina está escrita na obra
Dele mesmo
Com sua caligrafia de beleza, harmonia e
Amor.

Frederico Ferreira
Para J.L.