sexta-feira, 28 de abril de 2017

Noite

A noite repousa sobre meu país.
As florestas dormem, mas ainda escutamos o suave rumor das cachoeiras.
Dorme também o homem que nele habita.
Tudo repousa naquela paz comum das noites frias.

É nas noites que as intermitências acontecem. Tudo para.
Elas fazem diminuir a pujança da nossa bestialidade.

Frederico Ferreira

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Trajetória

Erguei os vossos olhos para adiante, que o Sol brilha.
Brilham também estrelas e os olhos arregalados de vida maravilhados.
Maravilham as águas que caem das montanhas e as torrentes que seguem mudas,
Emudecidas pela calmaria do tempo fluido.
Flui o sangue nas veias do coração acelerado
Que acelera a mente que mente a si e nega
E sonega a verdade da vida que vê, que sente e escuta.

Continuai com a vossa alma suspirante a busca
Mesmo através do nada que não se vê quando é observado – ainda que sendo um caminho -
E observa que tudo respira na mesma ordem, uníssono, no fluxo
Que flui fluindo vida, beleza, imensidão, amor!.
Amai, portanto, indistintamente o Universo e o Criador;
O lar da vida que vive o tempo quase infinito e
Aquele que, da Vontade, cria e recria e transforma a vida.

Sim, tudo teve um começo e tem um fim.
Não o fim do começo, mas finalidade
Que nos envolve através da verdade que aos poucos se desvela.
Vida, morte - morte da matéria! - porque enquanto vida e Criação Divina,
Respira em nós a centelha que jamais se apaga
É alma, é eterna!
A mesma chama que brilha no homem civilizado e no homem da caverna.

São nas transmigrações sucessivas, de mundos e de vidas
Que vamos nos aproximando do Criador.
Veja que Luz, que sabedoria infinita
Que nos dá muitas chances de vida, para aprender e evoluir!
Não nasce do verme a borboleta?
Não se esforça a semente na cova bendita?
Guardamos em nós também a essência divina, pronta para eclodir.

Olhai para o lado, vede quão diferentes são os caracteres e as gentes
Cada um com seu valor e aptidões diferentes,
Outros tantos com virtudes e torpezas inatas.
São almas que se educaram e continuam se educando
Aos poucos, imersas na matéria bruta.
Aos poucos aprendendo que o caminho do Santo
É de dor, de renúncia, de fé, de esperança e de luta.


Frederico Ferreira