Quanta esperança depositada nas gotas
Que sutilmente molham as plantas.
O olhar atento, buscando lavar a poeira das folhas
Na manifestação sublime do carinho de quem cuida,
É como o derramar de sentimento
Que liberta da beleza as secas pétalas,
Como dores cristalizadas
Remoídas de Sol a Sol e
Amareladas pelo tempo.
Talvez esta metáfora da vida,
Que o cuidar de seu jardim,
Seja também o cuidar de quem se ama.
E que o regar com o olhar, com o zelo,
O adubar com amor para florescer o porvir
E curar folhas secas com a água do sentimento,
Carreguem em si a mesma essência:
Amar e cuidar das plantas, dos jardins, da vida, das pessoas,
É como transbordar-se e sentir-se parte
De um mesmo todo em harmonia
Na lei única de Amor que em tudo pulsa e
Tudo muda.
Frederico Ferreira
quinta-feira, 28 de junho de 2018
domingo, 24 de junho de 2018
Escrever com o coração
Escrever com o coração
E destilar na lágrima e na esperança
O néctar do sentimento.
Tudo na vida é verso, ritmo e harmonia
Palavras que calam na Alma
Profundas e eternas.
Sinestesia de lembranças,
Bruma do amanhecer,
Beleza, ímpeto, nostalgia...
Escrever com o coração
E vivenciar a simplicidade e verdade das coisas
Como elas são e
Sentir e
Crer.
Crer que da dureza do mundo
Resulta o brilho da Alma
— Vaso dourado forjado na dor.
E que no solo impuro do sentimento
Entre pedra, lama e poeira
Sempre nasce uma flor.
Frederico Ferreira
E destilar na lágrima e na esperança
O néctar do sentimento.
Tudo na vida é verso, ritmo e harmonia
Palavras que calam na Alma
Profundas e eternas.
Sinestesia de lembranças,
Bruma do amanhecer,
Beleza, ímpeto, nostalgia...
Escrever com o coração
E vivenciar a simplicidade e verdade das coisas
Como elas são e
Sentir e
Crer.
Crer que da dureza do mundo
Resulta o brilho da Alma
— Vaso dourado forjado na dor.
E que no solo impuro do sentimento
Entre pedra, lama e poeira
Sempre nasce uma flor.
Frederico Ferreira
segunda-feira, 18 de junho de 2018
Propósito
Eu penso seriamente em deixar de lado as coisas
Que simplificam minha vida.
Nada de comida pronta,
Mangueiras com revolveres de esguicho,
Canetas esferográficas ou ainda
Barbeadores descartáveis.
Ninguém sabe, senão eu, o que é melhor para mim.
Preparar a própria comida deve ser algo
Sagrado.
Como quem reconhece o esforço do solo
Para produzir.
Não apenas dele, mas também de quem se levanta cedo
E trabalha em sua quinta.
A comida elaborada aos detalhes tem mais sabor,
Talvez o mesmo sentido por aquele que vê seus tomates
Brotarem em sua horta.
Já na hora de molhar as plantas,
Um dispositivo mecânico não adivinhará a intensidade
Da água
Que meu jardim precisa ser regado.
Autênticas torneiras são apenas aquelas da Natureza
Que sabem, de uma mesma fonte,
Verter a torrente nas quedas
E os respingos delicados ao derredor.
— E tudo resta verde e lindo à sua volta.
Para escrever, nada de computadores,
Máquinas de escrever ou canetas que,
De tão banais, banalizaram a escrita.
Não! Cada palavra tem que ser desenhada e sentida
Na ponta da pena,
No ímpeto da mão que escreve,
Nos músculos que se movimentam,
— Quase que involuntariamente —
Sob o comando do coração.
No mais, quero usar até navalhas,
Intrépidas e rudes — Instrumentos de precisão —
E que me remetem a um tempo de avôs,
De homens que andavam seguros em seus sapatos
Quando a vida era ainda desafiante e trabalhosa para
tudo,
E cujas tecnologias os faziam ser presentes em tudo,
Porque viver exige seu esforço, seu zelo e seu propósito
E porque foi assim que escolhi.
Frederico Ferreira
sexta-feira, 8 de junho de 2018
Boldo
Foi só agora que me dei conta de que mataram o pé de
boldo. Na semana passada, o movimentar das máquinas, o remover a terra bruta na
descoberta do solo inculto, o aplainar imperfeições naquilo que a natureza
julgou perfeito, não me deixaram pensar que aquele pequeno arbusto colado ao
terreno de minha casa, estivesse ameaçado.
Entre os escombros, já havia visto o mamoeiro jovem,
com folhas ainda verdes, relegado ao abandono. Sim, aquele minúsculo pedaço de
terra ao lado, pequeno canteiro, oásis no meio de um deserto improdutivo, foi
por algum tempo útil. Produziu alfaces orgânicas e outras coisas boas de se
comer e também ajudou a curar muitas dores de cabeça da vizinhança. Por último,
o mamoeiro que ali florescia, de sementes jogadas a esmo, mas que não teve tempo
de mostrar a que veio.
Quando aqui chegamos, este terreno ainda abrigava palmeiras
onde um pica-pau, livre, fez sua casa. Certamente, deveria ter outras, nômade
que era, uma vez que o víamos apenas nos meses de junho e julho, tornando-se
mais presente por seu canto. Era bom ouvi-lo
no final do dia. Ele dava um ar bucólico ao que já era natural e, por sua
beleza e simplicidade, também nos trazia alegria. Quis Deus, no entanto, que o pica-pau
abandonasse aquela casa e, à força dos ventos de destroem casas de pássaros e
de homens, destruiu também a dele.
Como havíamos dito, por sua natureza leve e desapegada,
não se deixou esmorecer e do trabalhar por sua sobrevivência, construiu uma
nova casa na floresta o lado. Sei disso
porque estamos em junho. Sorte diferente
teve o pé de boldo e eu. Agora, no lugar da nova casa do pica-pau, um lugar
verde e protegido e que vê-lo da nossa janela já apaziguava a nossa alma nos
momentos de amargura, verei paredes e janelas e telhados.
No entanto, até quando durar a chama de vida do meu
amigo e viajante pássaro outonal, seguirei aguardando seu canto.
Frederico Ferreira
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