segunda-feira, 14 de novembro de 2016

A Fuga

Uma semana depois ainda olhavamos a varanda vazia
Eu travava conversas com a cadela imaginária
Ensaiava carinhos e beijos lançados ao vento
     sem resposta.

Um vazio incrível na varanda e no coração.

O telefone toca. O filho atende.

Gritos, alegria - Acharam o cão!

A chegada foi assim:

Portão aberto. Ansiedade.
Todos aguardavam a notícia de que estava bem.
Não apenas estava, como cheia de alegria também.

Ao ver o muro da casa, parecia até que raciocinava.

Se pudesse falar, falava
        de tanta felicidade.

Agora está conosco novamente.
Mais adulta, vivida
Sabe valorizar o conforto e a comida
E ao avistar portões abertos e sentir o peso da liberdade
Não se move. Para e até parece que pensa:

"Não quero mais viver esta vida".


Frederico Ferreira - 01/01/2015




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