O vento frio da noite sopra sobre o meu rosto.
Estrelas ao longe – que nada mais são do que
Luzes que transbordam de si mesmas no espaço escuro e infinito –
Dão-me a noção exata da vastidão e perenidade da vida.
Como tudo é tão imenso!
Como o perfume simples das flores do campo,
Ou a brisa do mar,
No vaguear lento e interminável das ondas que
Transportam meu pensamento ao longe
Me consolam!
O vazio que às vezes toma conta de minh‘alma
É vastamente preenchido por este movimento contínuo da vida.
Na natureza, não há temores sobre o amanhã.
Mesmo no caos - que o homem,
Efêmero na sua apreciação e que
Julga explicar tudo negativamente por sua visão adstrita -
Repousa a ordem que não se vê.
A ordem harmônica do Universo.
Universo inacabado, porque se movimenta e se transforma.
Dentro de mim pulsa a origem divina das coisas;
Fora de mim, a brisa bate em meu rosto e
Sinto todo o movimento à minha volta.
O vazio que sinto é a vontade da alma que
Quer ser livre e participar de tudo isso:
A de ser também brisa que movimenta e transforma.
Presa no corpo, ela ainda não consegue senão apenas sentir
E sonhar.
Frederico Ferreira
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