sexta-feira, 13 de abril de 2018

Melancolia

O vento frio da noite sopra sobre o meu rosto. 
Estrelas ao longe – que nada mais são do que 
Luzes que transbordam de si mesmas no espaço escuro e infinito – 
Dão-me a noção exata da vastidão e perenidade da vida. 
Como tudo é tão imenso! 
Como o perfume simples das flores do campo, 
Ou a brisa do mar, 
No vaguear lento e interminável das ondas que 
Transportam meu pensamento ao longe 
Me consolam! 

O vazio que às vezes toma conta de minh‘alma 
É vastamente preenchido por este movimento contínuo da vida. 
Na natureza, não há temores sobre o amanhã. 
Mesmo no caos - que o homem, 
Efêmero na sua apreciação e que 
Julga explicar tudo negativamente por sua visão adstrita - 
Repousa a ordem que não se vê. 
A ordem harmônica do Universo. 

Universo inacabado, porque se movimenta e se transforma. 
Dentro de mim pulsa a origem divina das coisas; 
Fora de mim, a brisa bate em meu rosto e 
Sinto todo o movimento à minha volta. 
O vazio que sinto é a vontade da alma que 
Quer ser livre e participar de tudo isso: 
A de ser também brisa que movimenta e transforma. 
Presa no corpo, ela ainda não consegue senão apenas sentir 
E sonhar. 

Frederico Ferreira

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