sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Embarcação

Navegamos à sós, pequenos barcos levados inocentes pela corrente? 
Oh quanta coragem para vencer o infinito! 
O mar é a própria metáfora da imensidão do universo. 
Sopram os ventos, anunciam-se as tempestades, 
Como se estivéssemos prontos a sucumbir a qualquer instante, 
Perecíveis que somos. 
O Sol nos guia, como a própria força que nos une, 
Plantas e homens numa mesma direção: A Luz. 
A certeza do êxito, no entanto, não está fora. 
Está no barco 
Que repousa sobre a água, a enfrenta, transpondo barreiras. 
Para ir adiante, o capitão tem que ter confiança em sua embarcação, 
Em seu motor que, como o coração em seu peito, 
Bombeando sangue e força aos seus braços, 
Não pode também parar. 

Qual direção a seguir? Qual a rota 
Quando não se sabe ao certo onde se vai chegar? 
Seguir as estrelas? 
Olho para o céu, azul como um manto divino, 
Como um convite à paz para os corações cheios de perguntas, 
E vazios de respostas. 
Volto às correntes, 
Aos ventos que sopram, renovando o ar. 
Em minha embarcação pulsa a alma imortal, a coragem e a fé, 
A vontade de buscar, de atravessar o vazio. 
O vazio de respostas que, 
Quando a viagem termina, já as temos todas. 
Porque viver não é nada além de cruzar o mar desconhecido 
Vencendo intempéries, 
Suportando tormentas, 
Mas com a indelével certeza de novas enseadas, 
Praias tranquilas e terra firme 
E a certeza do dever cumprido. 

Frederico Ferreira

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Vamos falar do Amor!

Vamos falar do Amor!
Da beleza intrínseca da vida,
De beijos de mães e abraços intermináveis de quem
Quer bem.
Sim! Querer bem como a própria vida que
Entre flores e espinhos,
Ondas e calmarias,
Ventos, Sol e tempestade,
Ninhos se escondem
Protegendo filhotes.
Amor,
Ainda que ímpeto de cuidado
Sentimento irracional e instintivo,
É divino, incalculável,
Por vezes, impenetrável.
Em vias de percebê-lo, materializamos o Amor?
O divinizamos?
Quem sabe entre corpos, a duras penas, se revele?
Ou, mesmo, nos umbrais das Capelas!
Não importa! Qual seja,
Falemos do Amor e não da guerra interior.
Falemos de construção,
De edificação de consciências,
Do fortalecimento de laços.
Da busca da harmonia.

Falemos do Amor e seus matizes.
Espetáculo da vida em esplendor.
Que do silêncio que cala,
Do perfume que exala,
A beleza de uma flor,
Tudo se resume à uma mesma expressão:
É hausto divino, palavra pequena e poderosa,
que mesmo duro, às vezes
Como o espinho de uma rosa,
Protege, ensina, recupera.
Voltemos o olhar para a fera, o homem-fera que,
Como todos, caminha para a Luz.
É espinho, cerviz dura que nunca verga,
Que se ama muito e não enxerga
Que amar-se não é satisfazer-se.
É antes reconhecer-se digno de perdão.

Falemos, portanto, do Amor!
Haja mais amor em nossas vidas!
Cuidemos de nós mesmos
Ou de quem está à nossa volta.
Calemos em nós toda a revolta
À vida,
E busquemos mais sentir.
O Amor é semente que se planta
No coração de quem semeia.
É flor que nasce pequena
Depois se agiganta,
Embelezando o porvir.

Frederico Ferreira

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Palavra

A palavra doce transforma.
Funciona como mãos carinhosas que
Revolvem a terra seca,
Cascalhos do coração,
Tristezas petrificadas pela dor.

Nada como fazer correr a água do sentimento
Em nossas raízes.
Alimentar-se do amor que a tudo serve e
Tudo muda
E que nos faz confiar no amanhecer:
Brisa suave de vida e luz,
Portador de esperanças que
Traz renovação.

A palavra doce transforma,
Mais que isso o sorriso e o abraço
Sintonia de almas que se sentem e
Se tocam
E se nutrem e pacificam.
Abrem horizontes.
Fortalecem raízes. 

Frederico Ferreira