sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Embarcação

Navegamos à sós, pequenos barcos levados inocentes pela corrente? 
Oh quanta coragem para vencer o infinito! 
O mar é a própria metáfora da imensidão do universo. 
Sopram os ventos, anunciam-se as tempestades, 
Como se estivéssemos prontos a sucumbir a qualquer instante, 
Perecíveis que somos. 
O Sol nos guia, como a própria força que nos une, 
Plantas e homens numa mesma direção: A Luz. 
A certeza do êxito, no entanto, não está fora. 
Está no barco 
Que repousa sobre a água, a enfrenta, transpondo barreiras. 
Para ir adiante, o capitão tem que ter confiança em sua embarcação, 
Em seu motor que, como o coração em seu peito, 
Bombeando sangue e força aos seus braços, 
Não pode também parar. 

Qual direção a seguir? Qual a rota 
Quando não se sabe ao certo onde se vai chegar? 
Seguir as estrelas? 
Olho para o céu, azul como um manto divino, 
Como um convite à paz para os corações cheios de perguntas, 
E vazios de respostas. 
Volto às correntes, 
Aos ventos que sopram, renovando o ar. 
Em minha embarcação pulsa a alma imortal, a coragem e a fé, 
A vontade de buscar, de atravessar o vazio. 
O vazio de respostas que, 
Quando a viagem termina, já as temos todas. 
Porque viver não é nada além de cruzar o mar desconhecido 
Vencendo intempéries, 
Suportando tormentas, 
Mas com a indelével certeza de novas enseadas, 
Praias tranquilas e terra firme 
E a certeza do dever cumprido. 

Frederico Ferreira

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