Navegamos à sós, pequenos barcos levados inocentes pela corrente?
Oh quanta coragem para vencer o infinito!
O mar é a própria metáfora da imensidão do universo.
Sopram os ventos, anunciam-se as tempestades,
Como se estivéssemos prontos a sucumbir a qualquer instante,
Perecíveis que somos.
O Sol nos guia, como a própria força que nos une,
Plantas e homens numa mesma direção: A Luz.
A certeza do êxito, no entanto, não está fora.
Está no barco
Que repousa sobre a água, a enfrenta, transpondo barreiras.
Para ir adiante, o capitão tem que ter confiança em sua embarcação,
Em seu motor que, como o coração em seu peito,
Bombeando sangue e força aos seus braços,
Não pode também parar.
Qual direção a seguir? Qual a rota
Quando não se sabe ao certo onde se vai chegar?
Seguir as estrelas?
Olho para o céu, azul como um manto divino,
Como um convite à paz para os corações cheios de perguntas,
E vazios de respostas.
Volto às correntes,
Aos ventos que sopram, renovando o ar.
Em minha embarcação pulsa a alma imortal, a coragem e a fé,
A vontade de buscar, de atravessar o vazio.
O vazio de respostas que,
Quando a viagem termina, já as temos todas.
Porque viver não é nada além de cruzar o mar desconhecido
Vencendo intempéries,
Suportando tormentas,
Mas com a indelével certeza de novas enseadas,
Praias tranquilas e terra firme
E a certeza do dever cumprido.
Frederico Ferreira
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