sábado, 20 de abril de 2019

Rogativa ao Pantanal

Minha alma é pequena diante do infinito, 
Da planície infinita. 
Brilham meus olhos no espelho d’água, 
Sopra meu fôlego o sopro de vida. 
Tudo está aqui para mostrar-me o quanto sou pequeno, 
O quanto nada valho. 
A criação, na sua ordem, prescinde do homem. 
Não é nossa vontade que faz reger a vida, 
Ainda que com máquinas, desejo 
E força 
Mudemos o mundo. 
Tudo estará e os rios continuarão 
Caudalosos e intensos, 
As árvores frondosas e as matas 
Densas. 
Agora eu quero pertencer a tudo isto. 
E deixar minha vida fluir, como num rio. 
E deixar a luz refletir sobre mim. 
Sou melhor quando meu ânimo não se turva. 
Esta corrente me leva ao longe 
Como o fulgor de pensamentos elevados. 
Já não me pertenço quando me deixo fluir. 
Sou força constante a renovar vida e ideias. 
Sou criação e ímpeto e 
Sedimento e ilha 
E folha que 
Navega. 
Oh Natureza! 
Oh! beleza da vida 
Revelada por Deus 
Para relembrarmos a nossa essência! 
Dá-me força para continuar a crescer e 
A vencer. 
Dá-me tua seiva! 
E faz-me transmutar na renovação de tudo o que é nobre. 
Na força viva do verso 
E na corrente que vence obstáculos e passa 
E segue, 
Sempre adiante. 

Frederico Ferreira
Poconé, MT

quarta-feira, 10 de abril de 2019

Renovação

De todas as horas, 
De todas as palavras, 
A que mais me toca agora é Renovação. 
Não há como deixar de perceber as pétalas 
Que secam, renovando-se. 
Não há como não celebrar a vida nova 
Que se espraia no vermelho vivo, 
No verde forte e ao mesmo tempo 
Suave das folhas que renascem. 
Basta apenas um novo dia, 
A brisa que sopra alimentando de vida. 
Oh! Como é necessário que esta mesma brisa 
Nos distancie do que é ruim, 
Das folhas velhas e gastas, 
Endurecidas pelo tempo, 
Rugosas e ásperas às vezes 
Como experiências caducas ou mal vividas, 
Como lembranças de holocaustos e de dores, 
Ainda que para trazer à vida perfume. 

É a força de viver que convida o que é ruim e velho 
A cair 
E a renovar-se em outro canto, 
Ainda que nada se perca 
Visto que a flor continue do velho renovado 
A se nutrir. 

Frederico Ferreira