segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Renascimento


Não é a montanha que mata.
Montanha verde. Agora de lama e pedra
E de sangue ferroso que,
De coração parado, embora consciente, porém
Quase sem vida, estagnado
No seu sulco,
Apenas sangra.
E foi nessa hemorragia que
Se viu ruir
A pedra,
E lavar como a glória de quem se liberta
Da morte,
O renascer na vida dos outros. 

Não sobrou muita coisa!
Neste espetáculo hediondo de tentar
Reviver matando, e de
Fazer sofrer sofrendo,
Porque a vida é benção que se preserva e se
Mantém,
Quis a Natureza deixar a sua marca:
Onde havia ainda beleza para olhar,
Não sobrou nada mais que ganga
E nostalgia, e
Dor e reflexão,
E lágrimas para se poder chorar.

Frederico Ferreira

Em homenagem às vítimas de Brumadinho.



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