quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Limite

Fecho meus olhos. 
Quero estar longe destas paredes, 
E desta janela medíocre para o mundo: 
Da tela plana silenciosa, 
Inodora e insensível do computador. 

Meus olhos desejam ver Imensidão. 
Quero de novo sentir a maresia 
Invadindo meu peito. 
A areia, na sua rudeza doce, 
A envolver os meus pés. 
Atrás de mim quero ter a Serra do Mar. 
Parede enorme, no entanto, transponível. 
Com cores, densidades e bichos e 
Cachoeiras de água fria e 
Pedras, muitas pedras. 

Nada disso, porém, parece tão imenso, 
Tão intransponível quanto estas paredes brancas 
E esta outra janela do escritório que, todas as manhãs, 
Inunda meus olhos com a luz do Sol. 
Nesga de luz e pouco de mata de jardim 
Como um quadro vivo ao lado. 

Frederico Ferreira

Nenhum comentário:

Postar um comentário