Este poema é para ser triste.
Triste como um adeus.
Doído como lágrimas que brotam tristes nos olhos
E que tombam, perdidas e doídas,
Como corpos que não vivem mais.
Este poema é para servir como memória,
Como flores que um dia embelezaram canteiros,
Que perfumaram entardeceres,
Enamoraram corações.
Este poema é para celebrar cada pétala
Que se desprende.
Seca de vida. Amarela e leve
Como a alma que se eleva,
E que busca, na brisa da noite e
Na renovação de tudo o que se transforma,
A sua Eternidade.
Frederico Ferreira
Tulum, México
quinta-feira, 20 de dezembro de 2018
sexta-feira, 30 de novembro de 2018
Embarcação
Navegamos à sós, pequenos barcos levados inocentes pela corrente?
Oh quanta coragem para vencer o infinito!
O mar é a própria metáfora da imensidão do universo.
Sopram os ventos, anunciam-se as tempestades,
Como se estivéssemos prontos a sucumbir a qualquer instante,
Perecíveis que somos.
O Sol nos guia, como a própria força que nos une,
Plantas e homens numa mesma direção: A Luz.
A certeza do êxito, no entanto, não está fora.
Está no barco
Que repousa sobre a água, a enfrenta, transpondo barreiras.
Para ir adiante, o capitão tem que ter confiança em sua embarcação,
Em seu motor que, como o coração em seu peito,
Bombeando sangue e força aos seus braços,
Não pode também parar.
Qual direção a seguir? Qual a rota
Quando não se sabe ao certo onde se vai chegar?
Seguir as estrelas?
Olho para o céu, azul como um manto divino,
Como um convite à paz para os corações cheios de perguntas,
E vazios de respostas.
Volto às correntes,
Aos ventos que sopram, renovando o ar.
Em minha embarcação pulsa a alma imortal, a coragem e a fé,
A vontade de buscar, de atravessar o vazio.
O vazio de respostas que,
Quando a viagem termina, já as temos todas.
Porque viver não é nada além de cruzar o mar desconhecido
Vencendo intempéries,
Suportando tormentas,
Mas com a indelével certeza de novas enseadas,
Praias tranquilas e terra firme
E a certeza do dever cumprido.
Frederico Ferreira
Oh quanta coragem para vencer o infinito!
O mar é a própria metáfora da imensidão do universo.
Sopram os ventos, anunciam-se as tempestades,
Como se estivéssemos prontos a sucumbir a qualquer instante,
Perecíveis que somos.
O Sol nos guia, como a própria força que nos une,
Plantas e homens numa mesma direção: A Luz.
A certeza do êxito, no entanto, não está fora.
Está no barco
Que repousa sobre a água, a enfrenta, transpondo barreiras.
Para ir adiante, o capitão tem que ter confiança em sua embarcação,
Em seu motor que, como o coração em seu peito,
Bombeando sangue e força aos seus braços,
Não pode também parar.
Qual direção a seguir? Qual a rota
Quando não se sabe ao certo onde se vai chegar?
Seguir as estrelas?
Olho para o céu, azul como um manto divino,
Como um convite à paz para os corações cheios de perguntas,
E vazios de respostas.
Volto às correntes,
Aos ventos que sopram, renovando o ar.
Em minha embarcação pulsa a alma imortal, a coragem e a fé,
A vontade de buscar, de atravessar o vazio.
O vazio de respostas que,
Quando a viagem termina, já as temos todas.
Porque viver não é nada além de cruzar o mar desconhecido
Vencendo intempéries,
Suportando tormentas,
Mas com a indelével certeza de novas enseadas,
Praias tranquilas e terra firme
E a certeza do dever cumprido.
Frederico Ferreira
terça-feira, 13 de novembro de 2018
Vamos falar do Amor!
Vamos falar do Amor!
Da beleza intrínseca da vida,
De beijos de mães e abraços intermináveis de quem
Quer bem.
Sim! Querer bem como a própria vida que
Entre flores e espinhos,
Ondas e calmarias,
Ventos, Sol e tempestade,
Ninhos se escondem
Protegendo filhotes.
Amor,
Ainda que ímpeto de cuidado
Sentimento irracional e instintivo,
É divino, incalculável,
Por vezes, impenetrável.
Em vias de percebê-lo, materializamos o Amor?
O divinizamos?
Quem sabe entre corpos, a duras penas, se revele?
Ou, mesmo, nos umbrais das Capelas!
Não importa! Qual seja,
Falemos do Amor e não da guerra interior.
Falemos de construção,
De edificação de consciências,
Do fortalecimento de laços.
Da busca da harmonia.
Falemos do Amor e seus matizes.
Espetáculo da vida em esplendor.
Que do silêncio que cala,
Do perfume que exala,
A beleza de uma flor,
Tudo se resume à uma mesma expressão:
É hausto divino, palavra pequena e poderosa,
que mesmo duro, às vezes
Como o espinho de uma rosa,
Protege, ensina, recupera.
Voltemos o olhar para a fera, o homem-fera que,
Como todos, caminha para a Luz.
É espinho, cerviz dura que nunca verga,
Que se ama muito e não enxerga
Que amar-se não é satisfazer-se.
É antes reconhecer-se digno de perdão.
Falemos, portanto, do Amor!
Haja mais amor em nossas vidas!
Cuidemos de nós mesmos
Ou de quem está à nossa volta.
Calemos em nós toda a revolta
À vida,
E busquemos mais sentir.
O Amor é semente que se planta
No coração de quem semeia.
É flor que nasce pequena
Depois se agiganta,
Embelezando o porvir.
Frederico Ferreira
sexta-feira, 2 de novembro de 2018
Palavra
A palavra doce transforma.
Funciona como mãos carinhosas que
Revolvem a terra seca,
Cascalhos do coração,
Tristezas petrificadas pela dor.
Nada como fazer correr a água do sentimento
Em nossas raízes.
Alimentar-se do amor que a tudo serve e
Tudo muda
E que nos faz confiar no amanhecer:
Brisa suave de vida e luz,
Portador de esperanças que
Traz renovação.
A palavra doce transforma,
Mais que isso o sorriso e o abraço
Sintonia de almas que se sentem e
Se tocam
E se nutrem e pacificam.
Abrem horizontes.
Fortalecem raízes.
Frederico Ferreira
sexta-feira, 12 de outubro de 2018
Sobre o amor
Do que é feito o amor?
De que substância?
De que substância?
Será ele o corpo que fala à outro corpo
Nos olhares furtivos que se entrecruzam,
Ou o encanto pelos cabelos negros, brilhantes e soltos,
Revoltos ao vento?
Quem sabe será ele de carne e osso,
Corporal e intenso no tocar dos corpos
E mãos que afagam e apoiam,
Uma e outra, juntas, seu destino?
Recorro ao olhar.
Olhar que me vê e que aponta,
junto com o meu, para o infinito.
Quando penso em infinito,
Já não há no amor materialidade,
Mas união absoluta,
Onde almas imortais que, mergulhadas no éter,
Caminham juntas, em sintonia,
Em busca de um mesmo fim.
Frederico Ferreira
para a Musa Perpétua, Poliane C.
para a Musa Perpétua, Poliane C.
Dia das crianças
No dia de hoje, se ainda o tiveres,
Revê teu álbum de família.
Lembra-te do quanto eras simples,
Quer dizer: sem ideias sobre tudo.
Recupera na memória teus brinquedos.
Conta o quanto tinhas de amigos.
Revê teus avós.
Relembra da ternura de tua mãe para contigo.
Se ainda for possível, quando a vir, abraça-a.
Se tiveres filhos, abraça-os.
Dá aos teus mais ternura do que recebeste.
Anda descalço com eles pelo jardim.
Ponha-os na garupa de tua bicicleta
E ame estar com eles como com um amigo.
Ama cada segundo de suas infâncias,
Porque muito do que és ainda corre descalço
Pelo gramado
Porém, quase nunca se vê.
Esconde-se, com medo, na sombra de um adulto.
Frederico Ferreira
sexta-feira, 28 de setembro de 2018
Olhar de longe
O quanto as pequenas coisas perdem importância
Quando nosso olhar é distante!
No quadro da vida, ao olharmos de perto,
As pinceladas, como atos humanos, refulgem
Na textura das cores,
Na grossura da tinta.
Não há sobra ou luz.
Tons de uma mesma paleta
Desaparecem.
No entanto, a figura está lá,
Inteira.
Uma vida inteira.
De longe, perdem a importância
Os pequenos erros,
Pinceladas em transe na execução de uma obra – Viver!
O fundo dos olhos confunde-se com a pupila brilhante,
Numa mesma janela de luz.
Nota-se o balançar dos ramos no
Murmúrio dos ventos que sopram, indeléveis,
Transformando a paisagem.
Já o brilho dos sorrisos ou
A tristeza do olhar
Desvanecem-se,
Longínquos,
No ponto de fuga que aponta
O infinito.
O tempo infinito.
Frederico Ferreira
sexta-feira, 21 de setembro de 2018
Otimismo
De agora em diante, apenas flores.
Rosas brancas!
Nada que lembre o vermelho-sangue de minhas
Veias,
Ou o azul-nebuloso das tardes sem fim.
No meu canteiro, que a grama cubra
Toda a lama e
Que floresçam flores.
Porque enquanto tarda o amanhã,
Quero sentir as gotas finas do orvalho
Matando minha sede
De vida,
E o frescor daquilo que é branco
E puro e livre,
Como o hálito que exala da flor.
Frederico Ferreira
quinta-feira, 13 de setembro de 2018
Questionamentos
Entender é a palavra.
Entender!
Entender qual a força que nos une
Ainda que guardemos, dentro de nós, tamanha
intemperança.
Os opostos se manifestam no mundo,
Como metáforas aterradoras!
São vales que desafiam montanhas
Águas que da pedra brotam
É a terra que, de suas entranhas,
Através dos vulcões lavas soltam.
São rios que, em suas torrentes,
A desafiar a seca que se inicia,
Vertem a água que propicia
O verdejar do solo, em beleza envolvente.
Florestas exuberantes, de infinita beleza
Que, a despeito da serra que a fere,
Há uma força intrínseca da vida que tudo gere
E que sempre faz recuperar sua grandeza
Entender, volto a palavra
E não sei onde vou chegar
Neste Brasil de miseráveis, de pessoas
Esperançosas
Há tantos vultos, gente mal-intencionada, viciosas que
Para defender a igualdade, criam
Divisão.
Antes, éramos uma única nação.
Agora, somos dezenas de grupamentos!
Cada qual com sua espada, em regimentos
A lutar na arena dos ideais, em revolução.
O que fazer, entretanto?
Oh Cabral! Enxuga-me o pranto se
Ao longe, das caravelas,
Não vislumbraste um povo bom e sonhador
E árvores que, como capelas,
Já guiavam olhares para o Alto,
Ao Criador!
O que fazer, ante o irremediável porvir?
Digladiarmo-nos, talvez! Mas, ao refletir,
Não perder de nós o que há de bom:
A vontade de crescer, mas de conseguir unir, das
Diferenças, a construção.
Sejamos, pois, simplesmente brasileiros!
Amemos a Pátria do Cruzeiro.
Empunhemos a bandeira verde-louro
E conservemos, para o futuro, nosso tesouro:
— A força da nossa união.
Frederico Ferreira
quarta-feira, 5 de setembro de 2018
Vontade
Se tudo o que bastasse fosse simplesmente
vontade!
Ao longe observo, na imensidade dos campos incultos,
Vendavais que movimentam a superfície
Tentando atacar o que no fundo
É nobre – Aquilo que lá plantei.
É nobre – Aquilo que lá plantei.
Levanto os olhos para os céus,
O coração aflito.
Aguardo com esperança a chuva da temperança,
Chuva tranquila
Que favorece o brotar das sementes,
Com sólidas raízes.
Também aguardo o florescer e o frutificar do que
semeei
Na vastidão daquele coração.
Como dói! Como dói simplesmente imaginar
que pouco se salve.
Na vida do homem, como na semeadura da terra,
Pouco vale para o florescer a vontade daquele
que da senda cuida.
Tudo será conforme a terra, ou o coração
que a semente acolhe.
Frederico Ferreira
segunda-feira, 3 de setembro de 2018
Palácio Imperial
De que lado começo meu poema?
De que lado se, ao contemplar-te, não vejo senão
escombros?
— História viva transfigurada em cinzas.
Não restou nada — nem mesmo para nossa nostalgia —
Senão as tardes de domingo ensolaradas
E a cor de sonho amarelo ocre de tua fachada!
Foram-se os Príncipes, os Imperadores. Foi-se a Princesa!
Já não mais saberemos como viveram os ícones de nossa
história.
Oh, que passado de glórias!
Oh! Que presente de ruinas!
Em tua fuligem um pouco de todos nós subiu aos céus,
Na vertigem de destruição que nós próprios engendramos.
Irresponsáveis que somos com o passado,
Imperdoáveis que seremos para o futuro!
Oxalá que tudo em ti fossem as sarças que,
Ao fogo, não se consumiram!
— Sagrado para o Brasil que eras e que sempre serás.
Assim como o Cristo,
Projeta tua sombra sobre nós, Palácio Imperial!
Apazigua nossa alma jovial e irresponsável,
E continua a sustentar os alicerces de nossa Pátria
Com as tuas paredes.
Frederico Ferreira
quinta-feira, 23 de agosto de 2018
Nossa Terra
Os séculos passam. No entanto as palmeiras
Sobrevivem,
Assim como os sabiás.
Parecem até ignorar as loucuras e paixões desse povo.
Não lhes tocaram os rios de sangue e lágrimas
Ao longo da história.
Estão todas bem assentadas nesta terra
Enquanto os sabiás cantam alegres, cheios de esperança.
A filosofia nos mata,
Assim como as teorias econômicas.
Nós digladiamos nas ruas da cidade,
Ameaçamos os campos.
Blasfemamos contra a terra que nos acolhe,
A maldizemos como a uma mãe que abandonou
Sua prole, mas não!
Apesar dos movimentos humanos,
Nossa terra continua forte.
Sustenta as florestas e montanhas
Corre inabalável no seu seio a água límpida das cachoeiras.
Passará pelas tempestades
Do nosso coração bravio
E nossas torrentes de poder e horror.
Frederico Ferreira.
Sobrevivem,
Assim como os sabiás.
Parecem até ignorar as loucuras e paixões desse povo.
Não lhes tocaram os rios de sangue e lágrimas
Ao longo da história.
Estão todas bem assentadas nesta terra
Enquanto os sabiás cantam alegres, cheios de esperança.
A filosofia nos mata,
Assim como as teorias econômicas.
Nós digladiamos nas ruas da cidade,
Ameaçamos os campos.
Blasfemamos contra a terra que nos acolhe,
A maldizemos como a uma mãe que abandonou
Sua prole, mas não!
Apesar dos movimentos humanos,
Nossa terra continua forte.
Sustenta as florestas e montanhas
Corre inabalável no seu seio a água límpida das cachoeiras.
Passará pelas tempestades
Do nosso coração bravio
E nossas torrentes de poder e horror.
Frederico Ferreira.
terça-feira, 14 de agosto de 2018
Voar
Qual será a certeza do pássaro
Quando ensaia o primeiro voo de sua
Vida?
O que talvez o mova
Entre o abismo desconhecido, a morte
E o sonho
Sustentado pelo desejo de liberdade?
A certeza em suas asas!
Assim sonha a lagarta que
Ainda não as conhece.
Ela rasteja e passa lentamente
Pela vida
Guardando-se dos acidentes,
Preservando-se,
Galgando e amadurecendo no tempo
O seu destino.
Empós aguardar o momento oportuno,
No vir a ser o que se é
Em sua essência,
Seu corpo volita.
Para voar, é preciso ter fé.
Frederico Ferreira
Quando ensaia o primeiro voo de sua
Vida?
O que talvez o mova
Entre o abismo desconhecido, a morte
E o sonho
Sustentado pelo desejo de liberdade?
A certeza em suas asas!
Assim sonha a lagarta que
Ainda não as conhece.
Ela rasteja e passa lentamente
Pela vida
Guardando-se dos acidentes,
Preservando-se,
Galgando e amadurecendo no tempo
O seu destino.
Empós aguardar o momento oportuno,
No vir a ser o que se é
Em sua essência,
Seu corpo volita.
Para voar, é preciso ter fé.
Frederico Ferreira
sexta-feira, 27 de julho de 2018
Lealdade
De todas as praias selvagens
Emolduradas por montanhas e pequenos vales,
É em ti que eu habito.
Tu me acolheste com carinho
Eu, gaivota indomável, de pensamentos
Infinitos,
De sentimentos
Infinitos.
Ao largo de ti tenho confiança nas correntes: Meu voo
é sempre seguro. A mim
Não me inquietam as tempestades.
Pouso em tua areia tenra,
Teu calor me acalma.
Neste movimento de cores, forças e de sons
Que é o mundo,
Tuas mãos carinhosas me envolvem
Nas incertezas e desafios que nos acompanham.
Oh! Carinho doce,
Pérola de vida a refletir esperança
Nos primeiros raios da Aurora,
Enquanto durarem as forças destas asas,
Estarei contigo.
E nossa história será lembrada
Eternamente,
Pelas ondas que não cessam
Jamais.
Frederico Ferreira
Emolduradas por montanhas e pequenos vales,
É em ti que eu habito.
Tu me acolheste com carinho
Eu, gaivota indomável, de pensamentos
Infinitos,
De sentimentos
Infinitos.
Ao largo de ti tenho confiança nas correntes: Meu voo
é sempre seguro. A mim
Não me inquietam as tempestades.
Pouso em tua areia tenra,
Teu calor me acalma.
Neste movimento de cores, forças e de sons
Que é o mundo,
Tuas mãos carinhosas me envolvem
Nas incertezas e desafios que nos acompanham.
Oh! Carinho doce,
Pérola de vida a refletir esperança
Nos primeiros raios da Aurora,
Enquanto durarem as forças destas asas,
Estarei contigo.
E nossa história será lembrada
Eternamente,
Pelas ondas que não cessam
Jamais.
Frederico Ferreira
quinta-feira, 28 de junho de 2018
Cuidar de seu jardim
Quanta esperança depositada nas gotas
Que sutilmente molham as plantas.
O olhar atento, buscando lavar a poeira das folhas
Na manifestação sublime do carinho de quem cuida,
É como o derramar de sentimento
Que liberta da beleza as secas pétalas,
Como dores cristalizadas
Remoídas de Sol a Sol e
Amareladas pelo tempo.
Talvez esta metáfora da vida,
Que o cuidar de seu jardim,
Seja também o cuidar de quem se ama.
E que o regar com o olhar, com o zelo,
O adubar com amor para florescer o porvir
E curar folhas secas com a água do sentimento,
Carreguem em si a mesma essência:
Amar e cuidar das plantas, dos jardins, da vida, das pessoas,
É como transbordar-se e sentir-se parte
De um mesmo todo em harmonia
Na lei única de Amor que em tudo pulsa e
Tudo muda.
Frederico Ferreira
Que sutilmente molham as plantas.
O olhar atento, buscando lavar a poeira das folhas
Na manifestação sublime do carinho de quem cuida,
É como o derramar de sentimento
Que liberta da beleza as secas pétalas,
Como dores cristalizadas
Remoídas de Sol a Sol e
Amareladas pelo tempo.
Talvez esta metáfora da vida,
Que o cuidar de seu jardim,
Seja também o cuidar de quem se ama.
E que o regar com o olhar, com o zelo,
O adubar com amor para florescer o porvir
E curar folhas secas com a água do sentimento,
Carreguem em si a mesma essência:
Amar e cuidar das plantas, dos jardins, da vida, das pessoas,
É como transbordar-se e sentir-se parte
De um mesmo todo em harmonia
Na lei única de Amor que em tudo pulsa e
Tudo muda.
Frederico Ferreira
domingo, 24 de junho de 2018
Escrever com o coração
Escrever com o coração
E destilar na lágrima e na esperança
O néctar do sentimento.
Tudo na vida é verso, ritmo e harmonia
Palavras que calam na Alma
Profundas e eternas.
Sinestesia de lembranças,
Bruma do amanhecer,
Beleza, ímpeto, nostalgia...
Escrever com o coração
E vivenciar a simplicidade e verdade das coisas
Como elas são e
Sentir e
Crer.
Crer que da dureza do mundo
Resulta o brilho da Alma
— Vaso dourado forjado na dor.
E que no solo impuro do sentimento
Entre pedra, lama e poeira
Sempre nasce uma flor.
Frederico Ferreira
E destilar na lágrima e na esperança
O néctar do sentimento.
Tudo na vida é verso, ritmo e harmonia
Palavras que calam na Alma
Profundas e eternas.
Sinestesia de lembranças,
Bruma do amanhecer,
Beleza, ímpeto, nostalgia...
Escrever com o coração
E vivenciar a simplicidade e verdade das coisas
Como elas são e
Sentir e
Crer.
Crer que da dureza do mundo
Resulta o brilho da Alma
— Vaso dourado forjado na dor.
E que no solo impuro do sentimento
Entre pedra, lama e poeira
Sempre nasce uma flor.
Frederico Ferreira
segunda-feira, 18 de junho de 2018
Propósito
Eu penso seriamente em deixar de lado as coisas
Que simplificam minha vida.
Nada de comida pronta,
Mangueiras com revolveres de esguicho,
Canetas esferográficas ou ainda
Barbeadores descartáveis.
Ninguém sabe, senão eu, o que é melhor para mim.
Preparar a própria comida deve ser algo
Sagrado.
Como quem reconhece o esforço do solo
Para produzir.
Não apenas dele, mas também de quem se levanta cedo
E trabalha em sua quinta.
A comida elaborada aos detalhes tem mais sabor,
Talvez o mesmo sentido por aquele que vê seus tomates
Brotarem em sua horta.
Já na hora de molhar as plantas,
Um dispositivo mecânico não adivinhará a intensidade
Da água
Que meu jardim precisa ser regado.
Autênticas torneiras são apenas aquelas da Natureza
Que sabem, de uma mesma fonte,
Verter a torrente nas quedas
E os respingos delicados ao derredor.
— E tudo resta verde e lindo à sua volta.
Para escrever, nada de computadores,
Máquinas de escrever ou canetas que,
De tão banais, banalizaram a escrita.
Não! Cada palavra tem que ser desenhada e sentida
Na ponta da pena,
No ímpeto da mão que escreve,
Nos músculos que se movimentam,
— Quase que involuntariamente —
Sob o comando do coração.
No mais, quero usar até navalhas,
Intrépidas e rudes — Instrumentos de precisão —
E que me remetem a um tempo de avôs,
De homens que andavam seguros em seus sapatos
Quando a vida era ainda desafiante e trabalhosa para
tudo,
E cujas tecnologias os faziam ser presentes em tudo,
Porque viver exige seu esforço, seu zelo e seu propósito
E porque foi assim que escolhi.
Frederico Ferreira
sexta-feira, 8 de junho de 2018
Boldo
Foi só agora que me dei conta de que mataram o pé de
boldo. Na semana passada, o movimentar das máquinas, o remover a terra bruta na
descoberta do solo inculto, o aplainar imperfeições naquilo que a natureza
julgou perfeito, não me deixaram pensar que aquele pequeno arbusto colado ao
terreno de minha casa, estivesse ameaçado.
Entre os escombros, já havia visto o mamoeiro jovem,
com folhas ainda verdes, relegado ao abandono. Sim, aquele minúsculo pedaço de
terra ao lado, pequeno canteiro, oásis no meio de um deserto improdutivo, foi
por algum tempo útil. Produziu alfaces orgânicas e outras coisas boas de se
comer e também ajudou a curar muitas dores de cabeça da vizinhança. Por último,
o mamoeiro que ali florescia, de sementes jogadas a esmo, mas que não teve tempo
de mostrar a que veio.
Quando aqui chegamos, este terreno ainda abrigava palmeiras
onde um pica-pau, livre, fez sua casa. Certamente, deveria ter outras, nômade
que era, uma vez que o víamos apenas nos meses de junho e julho, tornando-se
mais presente por seu canto. Era bom ouvi-lo
no final do dia. Ele dava um ar bucólico ao que já era natural e, por sua
beleza e simplicidade, também nos trazia alegria. Quis Deus, no entanto, que o pica-pau
abandonasse aquela casa e, à força dos ventos de destroem casas de pássaros e
de homens, destruiu também a dele.
Como havíamos dito, por sua natureza leve e desapegada,
não se deixou esmorecer e do trabalhar por sua sobrevivência, construiu uma
nova casa na floresta o lado. Sei disso
porque estamos em junho. Sorte diferente
teve o pé de boldo e eu. Agora, no lugar da nova casa do pica-pau, um lugar
verde e protegido e que vê-lo da nossa janela já apaziguava a nossa alma nos
momentos de amargura, verei paredes e janelas e telhados.
No entanto, até quando durar a chama de vida do meu
amigo e viajante pássaro outonal, seguirei aguardando seu canto.
Frederico Ferreira
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