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Coração Revolto
segunda-feira, 7 de outubro de 2019
segunda-feira, 12 de agosto de 2019
Dissensões Religiosas
Eu gostaria de entender a lógica do silêncio,
De teu silêncio.
Minhas mensagens à ti soam como gritos no deserto,
Como o estalar de ramos de altas árvores
Em plena ventania.
Queira Deus por trás desta imensa muralha,
— Porque palavras são frágeis diante da dureza —
Algo não se perca.
É certo que não sei o que se passa neste coração
— O primeiro a entender e a buscar o outro.
Questiono-me sobre tudo isso.
Quem sabe a solidão
Seja mais leve do que as asas que buscam a liberdade,
A liberdade do voo
A escolher os caminhos.
Não estamos mais em tempos de imposições.
Deixe-me, portanto, respirar o ar rarefeito de minha
fé.
Lá não vivem figueiras inúteis,
improdutivas.
Na montanha que eu habito,
o sentido das coisas tem cores,
ritmo, harmonia.
É dos lagos de água límpida que minhas redes
Vêm cheias,
E é deste pão, desta levedura de confiança.
Que minha alma se nutre.
Tudo isso é divino, por certo.
E nada terá sentido se não for vivido e sentido.
Viver é deixar que cada um, livre e liberto
Siga seu caminho,
Na certeza de que acima de nós,
Pai e filho, irmãos em criação,
Está Aquele que, sábio
E misericordioso,
Tudo sabe e tudo vê.
Frederico Ferreira
terça-feira, 30 de julho de 2019
Palavra II
É uma pena que enquanto as manhãs florescem
Tu ainda estejas ligado à letra,
No dogmatismo de quem pensa que bastam
Palavras escritas e
Alguma fé para
Salvar-se.
O que seria então daquele que,
Abandonado dos dizeres,
Imerso na solidão da noite
Com olhos abertos e coração
Sereno, contempla o céu e as estrelas
Certo de que está sendo ouvido?
Ou então aquela que, famélica,
Ao amamentar seu filho
Com as poucas reservas e palavras que tem
porque simples,
Dá graças ao vê-lo saciado, pois
sabe que,
Junto com seu leite,
Deu também amor que,
como a palavra,
nutre e vivifica a Alma?
Para que servem, então, as palavras?
Certamente não para contender pela fé,
Não para dissentir,
Mas para trazer para perto de si o que é nobre,
Ou para fazer brilhar a Luz como o próprio Criador.
Não fiques, portanto, a decifrar por tanto tempo
Códigos humanos.
A Palavra Divina está escrita na obra
Dele mesmo
Com sua caligrafia de beleza, harmonia e
Amor.
Frederico Ferreira
Para J.L.
Tu ainda estejas ligado à letra,
No dogmatismo de quem pensa que bastam
Palavras escritas e
Alguma fé para
Salvar-se.
O que seria então daquele que,
Abandonado dos dizeres,
Imerso na solidão da noite
Com olhos abertos e coração
Sereno, contempla o céu e as estrelas
Certo de que está sendo ouvido?
Ou então aquela que, famélica,
Ao amamentar seu filho
Com as poucas reservas e palavras que tem
porque simples,
Dá graças ao vê-lo saciado, pois
sabe que,
Junto com seu leite,
Deu também amor que,
como a palavra,
nutre e vivifica a Alma?
Para que servem, então, as palavras?
Certamente não para contender pela fé,
Não para dissentir,
Mas para trazer para perto de si o que é nobre,
Ou para fazer brilhar a Luz como o próprio Criador.
Não fiques, portanto, a decifrar por tanto tempo
Códigos humanos.
A Palavra Divina está escrita na obra
Dele mesmo
Com sua caligrafia de beleza, harmonia e
Amor.
Frederico Ferreira
Para J.L.
segunda-feira, 17 de junho de 2019
Sol
O pôr do Sol lembra-me as tardes
Em que meu olhar contempla o infinito:
A paisagem quase interminável do horizonte,
Limitada pelo astro imenso
A marcar dias, noites, eternidades.
Meu coração brilha junto com Ele
E não sinto medo algum do porvir.
O Sol dá-me a certeza de que não estou sozinho.
A minha Grande Estrela foi criada por um Ser Divino.
Não há, portanto, o que temer.
Seus raios aquecem meu coração
Como para quem brilha em si uma nova esperança.
Sua luz, dá-me força para vencer qualquer coisa.
— O Sol é senhor do tempo.
Quando estou longe d’Ele,
Quando o crepúsculo bate sobre meus olhos,
Para mim, não é a noite que se inicia,
É um novo amanhecer que tarda.
A treva não me incomoda,
Pois a Fé ilumina meus passos.
Eu sei que ELE É,
Que ELE ESTÁ.
E assim, onipresente, me acompanha.
Frederico Ferreira
Em que meu olhar contempla o infinito:
A paisagem quase interminável do horizonte,
Limitada pelo astro imenso
A marcar dias, noites, eternidades.
Meu coração brilha junto com Ele
E não sinto medo algum do porvir.
O Sol dá-me a certeza de que não estou sozinho.
A minha Grande Estrela foi criada por um Ser Divino.
Não há, portanto, o que temer.
Seus raios aquecem meu coração
Como para quem brilha em si uma nova esperança.
Sua luz, dá-me força para vencer qualquer coisa.
— O Sol é senhor do tempo.
Quando estou longe d’Ele,
Quando o crepúsculo bate sobre meus olhos,
Para mim, não é a noite que se inicia,
É um novo amanhecer que tarda.
A treva não me incomoda,
Pois a Fé ilumina meus passos.
Eu sei que ELE É,
Que ELE ESTÁ.
E assim, onipresente, me acompanha.
Frederico Ferreira
sábado, 20 de abril de 2019
Rogativa ao Pantanal
Minha alma é pequena diante do infinito,
Da planície infinita.
Brilham meus olhos no espelho d’água,
Sopra meu fôlego o sopro de vida.
Tudo está aqui para mostrar-me o quanto sou pequeno,
O quanto nada valho.
A criação, na sua ordem, prescinde do homem.
Não é nossa vontade que faz reger a vida,
Ainda que com máquinas, desejo
E força
Mudemos o mundo.
Tudo estará e os rios continuarão
Caudalosos e intensos,
As árvores frondosas e as matas
Densas.
Agora eu quero pertencer a tudo isto.
E deixar minha vida fluir, como num rio.
E deixar a luz refletir sobre mim.
Sou melhor quando meu ânimo não se turva.
Esta corrente me leva ao longe
Como o fulgor de pensamentos elevados.
Já não me pertenço quando me deixo fluir.
Sou força constante a renovar vida e ideias.
Sou criação e ímpeto e
Sedimento e ilha
E folha que
Navega.
Oh Natureza!
Oh! beleza da vida
Revelada por Deus
Para relembrarmos a nossa essência!
Dá-me força para continuar a crescer e
A vencer.
Dá-me tua seiva!
E faz-me transmutar na renovação de tudo o que é nobre.
Na força viva do verso
E na corrente que vence obstáculos e passa
E segue,
Sempre adiante.
Frederico Ferreira
Poconé, MT
Da planície infinita.
Brilham meus olhos no espelho d’água,
Sopra meu fôlego o sopro de vida.
Tudo está aqui para mostrar-me o quanto sou pequeno,
O quanto nada valho.
A criação, na sua ordem, prescinde do homem.
Não é nossa vontade que faz reger a vida,
Ainda que com máquinas, desejo
E força
Mudemos o mundo.
Tudo estará e os rios continuarão
Caudalosos e intensos,
As árvores frondosas e as matas
Densas.
Agora eu quero pertencer a tudo isto.
E deixar minha vida fluir, como num rio.
E deixar a luz refletir sobre mim.
Sou melhor quando meu ânimo não se turva.
Esta corrente me leva ao longe
Como o fulgor de pensamentos elevados.
Já não me pertenço quando me deixo fluir.
Sou força constante a renovar vida e ideias.
Sou criação e ímpeto e
Sedimento e ilha
E folha que
Navega.
Oh Natureza!
Oh! beleza da vida
Revelada por Deus
Para relembrarmos a nossa essência!
Dá-me força para continuar a crescer e
A vencer.
Dá-me tua seiva!
E faz-me transmutar na renovação de tudo o que é nobre.
Na força viva do verso
E na corrente que vence obstáculos e passa
E segue,
Sempre adiante.
Frederico Ferreira
Poconé, MT
quarta-feira, 10 de abril de 2019
Renovação
De todas as horas,
De todas as palavras,
A que mais me toca agora é Renovação.
Não há como deixar de perceber as pétalas
Que secam, renovando-se.
Não há como não celebrar a vida nova
Que se espraia no vermelho vivo,
No verde forte e ao mesmo tempo
Suave das folhas que renascem.
Basta apenas um novo dia,
A brisa que sopra alimentando de vida.
Oh! Como é necessário que esta mesma brisa
Nos distancie do que é ruim,
Das folhas velhas e gastas,
Endurecidas pelo tempo,
Rugosas e ásperas às vezes
Como experiências caducas ou mal vividas,
Como lembranças de holocaustos e de dores,
Ainda que para trazer à vida perfume.
É a força de viver que convida o que é ruim e velho
A cair
E a renovar-se em outro canto,
Ainda que nada se perca
Visto que a flor continue do velho renovado
A se nutrir.
Frederico Ferreira
De todas as palavras,
A que mais me toca agora é Renovação.
Não há como deixar de perceber as pétalas
Que secam, renovando-se.
Não há como não celebrar a vida nova
Que se espraia no vermelho vivo,
No verde forte e ao mesmo tempo
Suave das folhas que renascem.
Basta apenas um novo dia,
A brisa que sopra alimentando de vida.
Oh! Como é necessário que esta mesma brisa
Nos distancie do que é ruim,
Das folhas velhas e gastas,
Endurecidas pelo tempo,
Rugosas e ásperas às vezes
Como experiências caducas ou mal vividas,
Como lembranças de holocaustos e de dores,
Ainda que para trazer à vida perfume.
É a força de viver que convida o que é ruim e velho
A cair
E a renovar-se em outro canto,
Ainda que nada se perca
Visto que a flor continue do velho renovado
A se nutrir.
Frederico Ferreira
domingo, 31 de março de 2019
Jardineiro de Sentimentos
Se quiserem dar-me um nome
Chamem-me de jardineiro.
Jardineiro de sentimentos.
Eu rego com minhas lágrimas
As plantas que cuido,
Revolvo as terras do coração.
Eu não guardo segredos sobre a minha arte.
Sou ocupado das almas,
E das dores, das esperanças e dos amores
— plantas sagradas no jardim da Criação.
Eu revolvo pétalas caídas,
Galhos quebrados,
Sentimentos amontoados de júbilo e emoção;
Gravetos que se entrecruzam
Como vidas que se alimentam e
Desenham caminhos, como escolhas,
Ao chão.
Eu jardino momentos
E faço eclodir sentimentos
Através de perfumes suaves e plantas multicolores,
Que são mistos de alegria, esperança e fé
No coração.
Frederico Ferreira
Chamem-me de jardineiro.
Jardineiro de sentimentos.
Eu rego com minhas lágrimas
As plantas que cuido,
Revolvo as terras do coração.
Eu não guardo segredos sobre a minha arte.
Sou ocupado das almas,
E das dores, das esperanças e dos amores
— plantas sagradas no jardim da Criação.
Eu revolvo pétalas caídas,
Galhos quebrados,
Sentimentos amontoados de júbilo e emoção;
Gravetos que se entrecruzam
Como vidas que se alimentam e
Desenham caminhos, como escolhas,
Ao chão.
Eu jardino momentos
E faço eclodir sentimentos
Através de perfumes suaves e plantas multicolores,
Que são mistos de alegria, esperança e fé
No coração.
Frederico Ferreira
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019
Passadas
Diante de mim, a estrada imensa,
O tempo infinito.
Eu, corredor nas transmigrações, de alma imortal.
Sou eu quem escolhe os caminhos.
Regulo minhas passadas para chegar ao objetivo.
É o ritmo dos sentimentos que imprime a força
— Da vontade e do corpo —
Para traspor os obstáculos.
Não adianta fixar-me na dor,
No arfar de cansaço ou no
Silêncio, neste abandono
De quem se distancia de tudo,
Imerso em pensamentos
A escutar apenas as próprias passadas
E pouco observando ao redor,
Mas com muita atenção em mim mesmo.
Às vezes preciso de música
Para impulsionar-me neste imenso deserto;
Às vezes, simplesmente, a vontade de vencer.
Vencer o corpo e a alma,
Disciplinando-me.
E convertendo vontade em distância,
E superando em mim os obstáculos,
Para cruzar, com êxito,
A linha de chegada.
Frederico Ferreira
O tempo infinito.
Eu, corredor nas transmigrações, de alma imortal.
Sou eu quem escolhe os caminhos.
Regulo minhas passadas para chegar ao objetivo.
É o ritmo dos sentimentos que imprime a força
— Da vontade e do corpo —
Para traspor os obstáculos.
Não adianta fixar-me na dor,
No arfar de cansaço ou no
Silêncio, neste abandono
De quem se distancia de tudo,
Imerso em pensamentos
A escutar apenas as próprias passadas
E pouco observando ao redor,
Mas com muita atenção em mim mesmo.
Às vezes preciso de música
Para impulsionar-me neste imenso deserto;
Às vezes, simplesmente, a vontade de vencer.
Vencer o corpo e a alma,
Disciplinando-me.
E convertendo vontade em distância,
E superando em mim os obstáculos,
Para cruzar, com êxito,
A linha de chegada.
Frederico Ferreira
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019
Limite
Fecho meus olhos.
Quero estar longe destas paredes,
E desta janela medíocre para o mundo:
Da tela plana silenciosa,
Inodora e insensível do computador.
Meus olhos desejam ver Imensidão.
Quero de novo sentir a maresia
Invadindo meu peito.
A areia, na sua rudeza doce,
A envolver os meus pés.
Atrás de mim quero ter a Serra do Mar.
Parede enorme, no entanto, transponível.
Com cores, densidades e bichos e
Cachoeiras de água fria e
Pedras, muitas pedras.
Nada disso, porém, parece tão imenso,
Tão intransponível quanto estas paredes brancas
E esta outra janela do escritório que, todas as manhãs,
Inunda meus olhos com a luz do Sol.
Nesga de luz e pouco de mata de jardim
Como um quadro vivo ao lado.
Frederico Ferreira
Quero estar longe destas paredes,
E desta janela medíocre para o mundo:
Da tela plana silenciosa,
Inodora e insensível do computador.
Meus olhos desejam ver Imensidão.
Quero de novo sentir a maresia
Invadindo meu peito.
A areia, na sua rudeza doce,
A envolver os meus pés.
Atrás de mim quero ter a Serra do Mar.
Parede enorme, no entanto, transponível.
Com cores, densidades e bichos e
Cachoeiras de água fria e
Pedras, muitas pedras.
Nada disso, porém, parece tão imenso,
Tão intransponível quanto estas paredes brancas
E esta outra janela do escritório que, todas as manhãs,
Inunda meus olhos com a luz do Sol.
Nesga de luz e pouco de mata de jardim
Como um quadro vivo ao lado.
Frederico Ferreira
segunda-feira, 28 de janeiro de 2019
Renascimento
Não é a montanha que mata.
Montanha verde. Agora de lama e pedra
E de sangue ferroso que,
De coração parado, embora consciente, porém
Quase sem vida, estagnado
No seu sulco,
Apenas sangra.
E foi nessa hemorragia que
Se viu ruir
A pedra,
E lavar como a glória de quem se liberta
Da morte,
O renascer na vida dos outros.
Não sobrou muita coisa!
Neste espetáculo hediondo de tentar
Reviver matando, e de
Fazer sofrer sofrendo,
Porque a vida é benção que se preserva e se
Mantém,
Quis a Natureza deixar a sua marca:
Onde havia ainda beleza para olhar,
Não sobrou nada mais que ganga
E nostalgia, e
Dor e reflexão,
E lágrimas para se poder chorar.
Frederico Ferreira
Em homenagem às vítimas de Brumadinho.
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